domingo, 22 de abril de 2012

O Presente
"Tininim-tininim-tininim..."
_ Alô?
_ Resolvi te acordar um pouquinho antes do seu relógio despertar.
_ Quem está falando?
_ Sou a outra e sei tudo sobre você.
_ Você não tem outra pessoa para amolar?
_ São quase 6h, desarme o despertador do seu relógio verde sobre a cômoda branca para ele não atrapalhar nossa conversa. Vá ao banheiro e pegue sua escova branca e escove seus dentes. Lave o rosto e enxugue-o com sua toalha branca com seu nome gravado.
_ Como sabe tudo isso?
_ Ele me contou tudo sobre você.
_ Quem é você?
_ Ele sempre me dizia que você falava em seu ouvido que ele era um presente para você.
_ De onde você o conhece?
_ Ele dorme em São José do Rio Preto às terças e quintas há dois anos por causa do trabalho, não é?
_ É verdade.
_ É comigo que ele dormia.
_ Sua mentirosa!!!
_ Já acabou de se trocar? Atenda a porta. A campainha vai tocar.
"Plim-plom..."
_ Não estou gostando dessa brincadeira.
_ Trouxe seu presente... Está bem junto a soleira, na porta.
_ Só pode ser uma brincadeira... Está chegando meu aniversário... Tudo bem, vou abrir a porta...
_ Isso...
_ Cadê você? Por que não esperou?
_ Infelizmente não pude ficar para ver sua cara quando abrir seu presente...
_ O que é esse pacote enorme?
_ Desembrulhe-o antes que se estrague.
_ Estou abrindo... É surpresa de aniversário? É... Socorro!!! Socorro!!! Assassina!!! Assassina!!!
_ Agora você pode ligar para a polícia.



Renato Rezende Ferreira

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